quarta-feira, 22 de junho de 2016

Avião, helicópteros, barcos e carros de luxo foram apreendidos pela PF

22/06/2016

A Polícia Federal em Pernambuco apresentou na manhã desta quarta-feira (22) o balanço de itens apreendidos durante a Operação Turbulência, deflagrada na terça-feira (21).  A PF recolheu em residências e escritórios, alvos de mandados de busca e apreensão, sete automóveis de alto luxo, 45 relógios de marcas internacionais famosas, além de 3,6 milhões em reais, dólares, cheques, contratos, recibos e comprovantes de transferência bancária, bem como revólveres e uma espingarda. Também foram apreendidos cinco bens de destaque: dois  barcos, dois helicópteros e um avião.

Polícia Federal apreendeu dinheiro, pen drives e celular com os suspeitos (Foto: TV Globo/Reprodução)
PF apreendeu dinheiro, pen drives
e celulares (Foto: TV Globo/Reprodução)
Na terça-feira, os policiais federais prenderam quatro pessoas apontadas como integrantes de uma organização criminosa que pode ter financiado a campanha de reeleição do então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), em 2010, segundo a Polícia Federal. O grupo também teria envolvimento com a compra do avião Cessna Citation que caiu em Santos (SP), em agosto de 2014, causando a morte do presidenciável.
Seguiram para o Centro de Triagem e Observação Criminológica (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife, João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite, Arthur Roberto Lapa Rosal e Apolo Santana Vieira.
A PF acredita que o grupo tenha movimentado até R$ 600 milhões. Isso poderá ser comprovado com as investigações detalhadas dos documentos também apreendidos na Operação Turbulência. São cinco computadores portáteis, cinco discos rígidos, 20 agendas, três pen-drives, além de  17 celulares e sete tablets. Entre os papéis, estão escriturações, extratos bancários e planilhas fiscais.
Todo o material passará por uma perícia técnica. A maior atenção será dada aos documentos, celulares planilhas fiscais. Com a análise, a investigação poderá apontar outros envolvidos. Segundo a PF, não existe um tempo definido para o término das perícias.
Policiais também encontraram helicópteros com os suspeitos (Foto: TV Globo/Reprodução)Policiais também encontraram helicópteros com os suspeitos (Foto: TV Globo/Reprodução)
Para o assessor de comunicação da PF em Pernambuco, Giovani Santoro, esses documentos vão mostrar a movimentação financeira da organização criminosa e detalhar a participação dessa pessoas envolvidas nessa transação. "Precisamos saber quem se beneficiou com esse dinheiro desviado dos cofres públicos. Sendo assim, não descartamos novas operações para prender mais gente", afirmou.
Santoro ressaltou que, quando se deflagra uma operação dessa, que investiga lavagem de dinheiro, é importante que esses bens sejam apreendidos e que esses recursos possam ser recuperados por meio de leilão. É preciso não só prender as pessoas, mas impor prejuízo a elas", observou.
A PF informou, ainda, que as armas foram apreendidas com os alvos da operação levados para prestar depoimento por condução coercitiva.
Foragido
A Polícia Federal (PF) analisa a possibilidade de incluir o nome do empresário Paulo César de Barros Morato na lista de procurados da Interpol. Ele é suspeito de integrar a organização criminosa que, segundo investigação da PF, pode ter lavado dinheiro para financiar a campanha de Eduardo Campos à reeleição ao governo de Pernambuco em 2010.  A ideia é que Paulo seja procurado não só no Brasil, mas também em outros países com o auxílio da Polícia Internacional.

Durante a Operação Turbulência, deflagrada nesta terça-feira (21), foram presos quatro empresários suspeitos de integrar e se beneficiar da citada organização criminosa. Paulo é o único que não foi encontrado. "Estamos fazendo algumas diligências para tentar localizá-lo e, assim que conseguirmos identificar onde ele está, será preso. Caso não consigamos fazer isso, vai ser feito o pedido para que a juíza que cuida do caso para que haja uma inserção na difusão vermelha da Interpol como procurado internacionalmente", afirmou o superintendente da Polícia Federal, Marcello Diniz Cordeiro.
Marcello Diniz Cordeiro, superintendente da PF em Pernambuco (Foto: Bruno Marinho/G1)
Superintendente da PF pode pedir auxílio da Polícia
Internacional (Foto: Bruno Marinho/G1)
De acordo com a advogada do empresário Paulo César de Barros Morato, o último contato com ele foi no domingo (19). "Ele não fugiu, apenas não deve estar sabendo. Assim que eu conseguir localizá-lo, ele irá se apresentar", afirmou ao G1 Marcela Moreira Lopes, que veio de São Paulo e chegou à sede da Polícia Federal no Recife às 18h.
A advogada informou ainda que o cliente reside em Pernambuco, onde possui dois imóveis: um no Recife e outro em Tamandaré, no Litoral Sul do estado. "Paulo possui uma empresa de obras de terraplanagem, a Câmara e Vasconcelos, e viaja muito para o interior, talvez por isso não esteja conseguindo contato com ele", acredita.
Provas
Os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite, Arthur Roberto Lapa Rosal e Apolo Santana Vieira prestaram depoimento na sede da Polícia Federal em Pernambuco, localizada no Bairro do Recife, na área central da capital. "Já conseguimos reunir boas provas, tanto em depoimentos quanto em documentos, mas não podemos falar em detalhes para não atrapalhar as investigações", acrescentou o superintendente.

Dos quatro empresários, apenas Apolo Santana Vieira optou por ficar em silêncio, segundo a PF. "Ele manteve-se calado durante o depoimento. Esse é um direito constitucional dele, mas nada impede que sejam produzidas outras provas contra ele para que ele possa ser indiciado e eventualmente processado e condenado", explicou o superintendente.
Por volta das 16h30, os quatro suspeitos presos seguiram da sede da PF em Pernambuco para a 4ª Vara Federal, no Fórum Joana Bezerra, no Recife, para participar da audiência de custódia, antes de serem encaminhados para o Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife.
O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), ex-ministro da Integração Nacional do governo Dilma Rousseff (PT), também é citado na investigação. Ele é um dos suspeitos de negociar o envio de dinheiro do esquema criminoso para a campanha de Campos em 2010. O senador nega.
De acordo com a PF, a possibilidade de outros políticos estarem entre os beneficiários desse esquema criminoso não está descartada. "Agora será feita uma nova análise de documentos e depoimentos para juntar com o que já existia, inclusive dados de contas bancárias e dados fiscais para confrontar e cruzar todas essas informações e tentar identificar os destinatários desse dinheiro de origem ilícita. A partir daí identificaremos se vai ser necessário o indiciamento ou pedir novas prisões ou demais providências para solucionar esse mistério", ressaltou Marcello Diniz Cordeiro.
Operação
A operação teve início com investigações sobre a compra do avião, logo após o acidente que matou Campos e outras seis pessoas, mas chegou a um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado até R$ 600 milhões, segundo a PF. Esse montante seria alimentado por recursos de propinas e usado por firmas de fachada e sócios “laranjas” para fazer a lavagem de dinheiro. [Veja vídeo acima]

A Polícia Federal investiga, agora, a relação entre essas empresas citadas na Turbulência – que não tiveram os nomes divulgados – e grupos já envolvidos na Operação Lava Jato e em investigações que estão no Supremo Tribunal Federal (STF).
A operação prendeu nesta terça-feira quatro empresários suspeitos de integrar a organização criminosa e se beneficiar dela – João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite, Arthur Roberto Lapa Rosal e Apolo Santana Vieira. Todos foram levados para a sede da PF, no Recife.
Para justificar a prisão, a PF faz a relação entre as empresas deles e o avião usado pela comitiva de Eduardo Campos. Mello Filho afirma ser o dono do avião que caiu e causou a morte do ex-governador de Pernambuco durante a campanha presidencial de 2014. A PF verificou o envolvimento de empresas de fachada na compra da aeronave.
“Essas empresas transitavam entre si e realizavam movimentações milionárias, na conta de outras empresas igualmente de fachada e na conta de outros 'laranjas'. Elas integravam uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro, que vem desde 2010 e que decaiu após a queda do avião", explicou a delegada.
A PF apura também o repasse de R$ 18,8 milhões da empreiteira OAS, que é investigada na Lava Jato, para a Câmara & Vasconcelos, que seria uma empresa de fachada envolvida na compra do avião que transportava Campos. A empresa alegou que os recursos foram pagamento por serviços de terraplanagem em obras do Rio São Francisco.

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