segunda-feira, 20 de junho de 2016

Eduardo Cunha tenta calar rumores de delação e acalmar deputados

20/06/2016

    Ainda mais isolado politicamente após o Conselho de Ética da Câmara aprovar parecer favorável à sua cassação, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) articula nesta semana uma nova ofensiva para tentar acalmar os ânimos dos parlamentares e angariar apoio para tentar se salvar em votação no plenário da Casa.


    Pressionado a renunciar ao cargo de presidente da Câmara, do qual está afastado por ordem da Justiça, e cercado por rumores de que pode aceitar fazer uma delação premiada na Lava Jato, Cunha quer reunir aliados nesta segunda-feira (20) e fazer um pronunciamento à imprensa na terça (21) para rebater as acusações contra ele.

    Nas palavras de interlocutores do peemedebista, a iniciativa tem o objetivo de “diminuir a tensão” entre os deputados, que temem ser implicados numa eventual delação de Cunha, e tentar conseguir apoio para impedir sua cassação no plenário. Para que ele perca o mandato, é preciso o voto de pelo menos 257 de 512 deputados da Casa.

    Na semana passada, o Conselho de Ética aprovou por 11 votos a 9 sua cassação.

    O resultado, que contou com o voto decisivo da deputada Tia Eron (PRB-BA)e com a mudança de lado de Wladimir Costa (SD-PA), aliado de Cunha até o último momento, surpreendeu o presidente afastado da Câmara e também o Palácio do Planalto, que esperava um desfecho favorável ao peemedebista no colegiado.

    A avaliação de aliados é a de que os rumores sobre uma possível delação premiada de Cunha causaram mal-estar entre os deputados e agora ele quer dar garantias de que não tomará essa iniciativa, mostrando que “não é um homem rancoroso”.

    Quem conversou com o peemedebista nos últimos dias ouviu que ele quer rebater denúncias para não virar vítima de um “massacre”.

    O anúncio de seu pronunciamento, feito com pelo menos quatro dias de antecedência, fez com que se levantasse a expectativa de que Cunha poderia renunciar à presidência da Câmara.

    Apesar de aliados acreditarem que, agora, ele não deve abrir mão do comando da Casa pois não teria “nada a ganhar” com a decisão, o próprio Cunha já não rechaça a tese com tanta veemência.

    ISOLAMENTO

    O atual isolamento do peemedebista é expressado, inclusive, nas especulações sobre o teor do pronunciamento desta terça-feira.

    Pelo menos três deputados que eram muito próximos a Cunha ouvidos pelaFolha disseram não ter detalhes sobre sua fala, pois não o encontravam há dias.

    Eles acreditam que o deputado gosta da ideia de criar suspense e dizem que ele deve fazer um discurso longo, detalhando sua defesa sobre as acusações e os processos que enfrenta, mas sem grandes revelações.

    Mesmo com o apelo e a tentativa de acalmar os ânimos dos colegas, aliados afirmam que é muito difícil que Cunha consiga se salvar da cassação durante a votação no plenário da Câmara, que ainda não tem data certa para acontecer. Caso não haja nenhuma reviravolta, o destino do peemedebista seria votado no plenário da Câmara nos dias 19 ou 20 de julho.

    Uma das maiores preocupações de Cunha com a perda do mandato é que, sem foro privilegiado, suas investigações seriam enviadas ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Lá os processos costumam andar com mais celeridade. Sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, já está sendo investigada pela equipe de Moro.

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