Consequência do quinto ano
seguido de chuvas abaixo da média histórica, o Ceará tem 20 açudes secos e
outros 44 em volume morto. Os dados são da Companhia de Gestão dos Recursos
Hídricos (Cogerh). Um dos vitimados pela preocupante situação é o centenário Cedro,
neste Município do Sertão Central. A cota atual do reservatório é de 0,31%.
Primeira
grande obra hídrica do País e cartão-postal de Quixadá, o Cedro está inserido
na Bacia do Banabuiú. Segundo o gerente regional da Bacia, Luís César Pimentel,
a situação é a pior dos últimos 15 anos. “Nós tivemos, em 2001, uma situação
parecida com a que estamos vivenciando agora. Depois, em 2007 e 2008, também
foi um período ruim, embora não tanto, mas logo em seguida as chuvas mudaram o
cenário”, disse. Luis César ressalta que o reservatório ainda chegou a tomar
água neste ano, mas o volume foi insignificante. Em 1º de janeiro, contava com
0,55% de sua capacidade.
Desde
2008 o Cedro já não abastece a cidade de Quixadá. Atualmente, a água que chega
às casas vem de um outro açude do Município, o Pedra Branca. O restante da água
do Cedro ainda é retirado por caminhões-pipa, com supervisão da Cogerh, para o
abastecimento animal e na agricultura, além de ainda permitir um cenário de
paisagem ao local histórico, responsável por atrair turistas.
O total
de água que ainda resta nos 153 açudes monitorados pela Cogerh atingiu o volume
de 2,18 bi de m³, o que representa 11,7%. As bacias do Coreaú (41,54%), Litoral
(41,26%) e Alto Jaguaribe (28,11%) se encontram na melhor situação. No outro
extremo estão as bacias do Baixo Jaguaribe (0,25%), do Banabuiú (2,79%) e do
Curu (2,64%), com os menores volumes. Sete açudes já sangraram neste ano mas,
no momento, nenhum está sangrando.
Conforme
Walt Disney Paulino, responsável pelo monitoramento diário dos açudes, o
cenário atual pode ser um dos piores. “É um período mais crítico o de agora
porque, depois de cinco anos de precipitação abaixo da média, essa situação é
naturalmente complica”, pondera.
Em meio
a reservatórios que só secam e não registram aportes, saber como continuar
garantindo água virou uma questão preocupante. Desde o fim de junho último, a
Cogerh já realizou cerca sete reuniões para definir questões como alocação
negociada de águas. Os encontros aconteceram em Crateús, Alto Santo, Itapajé,
Miraíma, Irauçuba, Trairi e Iracema. O órgão também tem discutido soluções nas
cidades em que os reservatórios já não são mais suficientes para atender a
demanda do abastecimento humano.
No
próximo dia 3 de agosto, a Cogerh deve realizar reunião em Quixadá, com o
Comitê da Bacia do Banabuiú, para decidir sobre a liberação de água do Açude
Arrojado Lisboa (Banabuiú), terceiro maior do Ceará que está com 0,75% de sua
capacidade.
Protagonista
José
Erberto Lima Silva, 57, conta que é pescador desde quando nasceu e fala que
essas é uma das situações mais difíceis que já viu no Cedro. Ainda assim diz
que tem a esperança de que as coisas vão melhorar. Ele afirma que teve outros
anos que ele secou, mas esse é um dos piores mesmo, que está difícil pescar e
que quem tira a vida disso está numa situação complicada
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário