07/03/2017
O Tribunal Superior
Eleitoral ouviu nesta segunda-feira (6) depoimentos de mais três delatores da
Odebrecht dentro da ação que investiga a campanha eleitoral de 2014 da chapa
formada pelo presidente Michel Temer e pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Foram à sede do
tribunal, em Brasília os ex-executivos Cláudio Melo Filho, ex-diretor da
Odebrecht; Hilberto Mascarenhas, ex-executivo que comandava um setor voltado
para o pagamento de propina; e Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, que
ocupou a diretoria de Relações Institucionais da Odebrecht.
O primeiro a
depor foi Mascarenhas, cujo depoimento durou cerca de 2h45. Em seguida, o TSE
ouviu Alexandrino de Salles Ramos de Alencar e, por fim, Cláudio Melo Filho.
Nenhum dos três
ex-dirigentes da Odebrecht falou com a imprensa após os depoimentos. O advogado
de Claudio Melo Filho, Rodrigo Mudrovitsch, divulgou a seguinte nota: "Meu
cliente cumpriu com o dever estabelecido em seu acordo de colaboração. As
informações prestadas por ele são sigilosas".
Os depoimentos
se somam a outros já prestados na semana passada por Marcelo Odebrecht,
ex-presidente da companhia; Benedicto Junior, ex-presidente da Odebrecht
Infraestrutura; e Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental.
Todos foram
chamados pelo ministro Herman Benjamin, relator da ação, na condição de
testemunhas, para prestar informações que possam esclarecer se doações feitas
pela empresa à campanha eram propina pagas para obter contratos na Petrobras,
como acusa o PSDB, que perdeu a disputa em 2014.
Em caso de
condenação, a ação poderá levar à cassação do mandato de Temer e à
inegibilidade dele e também de Dilma.
Dentro da Lava
Jato, os ex-executivos que depõem nesta segunda já detalharam como eram feitas
as doações da Odebrecht nas campanhas eleitorais.
Cláudio Melo
Filho, por exemplo, que era um dos principais responsáveis pelo contato da
cúpula da empresa com políticos, contou sobre um episódio em que acertou,
segundo ele a pedido de Temer, a doação de R$ 10 milhões para o PMDB em 2014 (leia mais
abaixo).
Alexandrino de
Alencar, por sua vez, era conhecido pelo relacionamento próximo com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tendo o acompanhando em diversas
viagens internacionais que teria feito sob patrocínio da Odebrecht, interessada
em obras no exterior com financiamento público brasileiro.
Hilberto
Mascarenhas fazia parte do chamado "Setor de Operações Estruturadas",
estrutura profissional de pagamento de propina em dinheiro no Brasil com
funcionários dedicados a uma espécie de contabilidade paralela que visava
pagamentos ilícitos.
Mais três delatores da
Odebrecht serão ouvidos
Citações
a Temer e a ex-assessor de Dilma
Quando
negociava seu acordo de delação premiada na Operação Lava Jato, Cláudio Melo
Filho narrou um encontro que teve 2014 com o presidente Michel Temer no qual
foi acertada uma doação de R$ 10 milhões da Odebrecht para o PMDB.
Foi durante um
jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da
República, que contou ainda com a presença do atual ministro da Casa Civil,
Eliseu Padilha, do secretário-geral da Presidência, Moreira Franco e também do
ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht.
Na ocasião,
Temer teria pedido doações pessoalmente e Marcelo Odebrecht definiu que seria
feito pagamento no valor de R$ 10 milhões. Cláudio Melo Filho disse que Eliseu
Padilha ficou responsável por receber e alocar R$ 4 milhões e que os outros R$
6 milhões seriam direcionados a Paulo Skaff, na época candidato ao governo de
São Paulo pelo PMDB.
O ex-diretor da
Odebrecht revelou que Temer atuava de forma muito mais indireta, não sendo seu
papel, em regra, pedir contribuições financeiras para o partido. Ele ainda deu
como exemplo da contrapartida em favor da empresa uma viagem institucional de
Temer a Portugal, para onde teria levado uma nota sobre a atuação da companhia
no país.
Além de dezenas
de outros políticos, Cláudio Melo Filho também relatou seu relacionamento com
Anderson Dornelles, que foi assessor da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele diz
que, em meados de 2012, Marcelo Odebrecht o apresentou a Anderson, porque ele
trabalhava com Dilma e era responsável pela agenda de trabalho dela.
Posteriormente
à reunião, o Marcelo teria comunicado a Cláudio que recebeu um pedido de apoio
financeiro de Anderson, autorizando que se realizassem pagamentos de R$ 50 mil
para ele.
Claudio
apresentou aos investigadores planilhas com sete pagamentos feitos a Anderson
Dornelles, entre outubro de 2013 e julho de 2014, totalizando R$ 350 mil,
acrescentando o codinome dele era "Las Vegas".
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário