03/07/2017
A Comissão de
Ética Pública da Presidência decidiu nesta segunda-feira (3) abrir processo de
apuração sobre a conduta de seis autoridades e ex-autoridades com base na
delação da JBS. Entre os investigados, estão dois ministros do governo Michel
Temer, Gilberto Kassab, da Ciência e Tecnologia, e Marcos Pereira, da pasta de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
O colegiado fez
uma reunião extraordinária para tratar especificamente sobre o assunto.
Kassab será
investigado por suposto recebimento, por meio de notas frias, de R$ 350 mil
durante suas gestões à frente do Ministério das Cidades e, em seguida, no
Ministério da Ciência e Tecnologia.
A investigação
de Pereira será por conta da suspeita de que ele teria sido beneficiário de
recursos entregues pelos executivos da J&F que chegariam a R$ 500 mil por
mês. Em contrapartida, Pereira teria atuado para manter uma linha de
financiamento da Caixa Econômica Federal, com a colaboração de Antonio Carlos
Ferreira, vice-presidente corporativo do banco, que também será investigado
pela comissão.
Também serão
alvo de investigações os ex-ministros Guido Mantega, Geddel Vieira Lima e
Fernando Pimentel.
Todos terão um
prazo de dez dias para prestarem esclarecimentos, a partir do momento em que
forem notificados. Entre as punições possíveis estão a advertência e
recomendação de exoneração, caso o investigado esteja no governo, e censura
pública para ex-autoridades (uma espécie de mancha no currículo).
Em nota, Kassab
disse que as investigações são importantes e que ele sempre pautou sua atuação
"pela ética e cumprimento da legislação".
Também em nota,
a assessoria do Ministério do Desenvolvimento disse que Marcos Pereira está
"convicto da inocência e certo de que a apuração imparcial irá
restabelecer a verdade" (veja as íntegras das notas dos investigados ao
final desta reportagem).
Após a sessão,
presidente da Comissão de Ética, Mauro Menezes, afirmou que a investigação de
ex-ministros deve ser feita mesmo após eles terem se desligado do governo,
porque, segundo, devem "suportar as consequências" caso tenham
cometido alguma irregularidade.
"É
essencial que o mero desligamento das autoridades que ocuparam cargos não os
exima de prestar esclarecimentos públicos e suportar consequências de eventuais
sanções éticas. A competência da comissão não se restringe às autoridades que
hoje ocupam os cargos", disse o presidente da comissão.
Menezes
explicou ainda que não cabe ao colegiado abrir procedimentos sobre a conduta
ética do presidente e vice-presidente da República. Ele foi questionado sobre o
tema por jornalistas, já que Temer é investigado, no Supremo Tribunal Federal,
em inquérito aberto com base nas delações da JBS.
"A
comissão não adentra atos relacionados ao exercício o da Presidência e
Vice-Presidência da República, mas no que lhe diz respeito, a comissão tem
atuado no sentido de contribuir para a marcha da moralidade em nosso país, da
entronização dos preceitos da ética publica, para que não se considere como
banal a existência de suposições, de ilações,ou de denúncias com relação a
essas autoridades", afirmou Menezes.
Marcos Pereira e Gilberto Kassab com Temer em evento (Foto: Marcos Corrêa/Presidência) |
Outros investigados
De acordo com a
Comissão de Ética Pública, as razões que motivaram a abertura de investigação
sobre os demais investigados são:
Fernando
Pimentel - quando
ministro do governo Dilma Rousseff, teria demandado e recebido recursos para
custeio posterior de sua campanha eleitoral. Quantia seria de R$ 300 mil
mensais.
Guido
Mantega - vai ser
investigado por suspeita de ter demandado da J&F recursos para distribuição
entre partidos políticos. Além disso, teria conhecimento de percentual ajustado
com o conglomerado por conta de aquisição da empresa Swift na Argentina pela
J&F.
Geddel
Vieira Lima - vai ser
investigado sobre suposta participação, quando era ministro, “no fomento” para
que empresários da JBS, do grupoJ&F, pagassem recursos para Eduardo Cunha e
Lucio Funaro.
Veja posicionamento dos investigados
Gilberto
Kassab: "As
apurações em andamento são importantes para o país e devem continuar, como
determina a legislação. O ministro sempre pautou sua atuação pela ética e pelo
cumprimento da legislação."
Marcos
Pereira: "O
ministro Marcos Pereira apresentará sua defesa também perante a Comissão de
Ética, convicto de sua inocência e certo de que a apuração imparcial pode
restabelecer a verdade dos fatos. Ele deseja muito poder se manifestar e se
defender em quantos âmbitos forem necessários ao esclarecimento da
verdade."
Defesa
de Fernando Pimentel: "(Pimentel)
recebe com absoluta perplexidade essa informação, já que a própria Presidência
da República reputa como absolutamente mentirosas todas as acusações feitas por
esse colaborador."
Antônio
Carlos Ferreira: "Em
35 anos de carreira na Caixa sempre pautei as minhas ações e decisões na ética
e honestidade. Desde que essa leviandade tornou-se pública, me coloquei à
inteira disposição da instituição, Caixa Econômica Federal, que sempre
respeitei e admirei, para eventuais explicações, bem como, da Justiça e do
Ministério Público. A justiça sempre prevalece, e sempre vai prevalecer! A
instituição que represento tem toda minha história. História de trabalho, ética
e respeito de todos. Tenho certeza que a confiança depositada em mim não será
abalada por tamanha injustiça, mentira e leviandade."
G1
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