terça-feira, 18 de junho de 2013

Protesto leva 65 mil às ruas, para Av. Paulista e tem tumulto no Palácio

18/06/2013

G1 São Paulo

O quinto dia de protestos contra o aumento da tarifa do transporte em São Paulo foi marcado pela mobilização de mais de 65 mil pessoas em um movimento pacífico, que transformou vias importantes da cidade em "calçadões". Apesar disso,  o ato teve um tumulto isolado em frente ao Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul da capital paulista.

As passeatas começaram pouco depois das 17h desta segunda-feira (17) no Largo da Batata, em Pinheiros, e passaram por ruas da região central, percorreram a Marginal Pinheiros e chegaram à sede do Governo do Estado.
(O G1 acompanhou em tempo real a manifestação, em fotos e vídeos: veja aqui.)
No Palácio dos Bandeirantes manifestantes arrombaram um portão, atiraram rojões contra policiais e vandalizaram dois ônibus nos arredores. A PM reagiu e não houve invasão. Ninguém havia sido preso até as 2h desta terça.
O ponto onde ocorreu o tumulto foi apenas um dos destinos das passeatas desta segunda. As milhares de pessoas que inicialmente estavam concentradas em Pinheiros se dividiram pela cidade quando o ato começou.
Uma parte seguiu pela Marginal Pinheiros, outra pela Avenida Faria Lima e um terceiro grupo ocupou a Avenida Paulista. Houve ainda protesto na frente da Assembleia Legislativa deSão Paulo. O trajeto dos grupos foram apenas acompanhados pelos policiais, que não interviram e nem impediram a ocupação de vias.
As rotas da caminhada

Os manifestantes começaram a chegar ao Largo da Batata por volta das 15h30. De lá, às 17h10, seguiram em passeata, levando cartazes, bandeiras e flores pela Avenida Brigadeiro Faria Lima e Avenida Rebouças. Parte do grupo se deslocou no sentido da Marginal Pinheiros, com o objetivo inicial de chegar à Ponte Estaiada.

Houve bloqueio do trânsito na Marginal Pinheiros em ambos os sentidos e os manifestantes também percorreram as Avenidas Chedid Jafet, Engenheiro Luís Carlos Berrini, Juscelino Kubitschek e outras vias da região. Na Marginal Pinheiros, motoristas chegaram a andar na contramão da pista expressa para fugir do bloqueio.

Enquanto isso, um grupo menor seguia em passeata em direção à Avenida Paulista, passando pela Brigadeiro Luís Antonio. Houve ainda manifestantes em protesto pela Avenida 23 de Maio e pela Rua Bernardino de Campos. Este grupo ficou concentrado em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo, onde chegou pela Avenida Pedro Álvares Cabral e onde cantou o Hino Nacional. Depois, manifestantes seguiram então para se juntar aos bloqueios na região da Paulista.
O público, estimado inicialmente em 2 mil pessoas na concentração, chegou a mais de 65 mil, segundo a Polícia Militar. O trânsito na cidade ficou acima da média na cidade durante toda a manifestação.

Ponte estaiada: objetivo

Às 20h20, quando milhares de pessoas já começavam a ocupar a Ponte Estaiada, Mayara Vivian, uma das integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), comemorou a trajetória pacífica e coordenada que o ato percorreu. Segundo ela, o plano de dividir o protesto em dois e reuni-los depois na ponte foi bem sucedido e mostrou a força do grupo. O objetivo era encerrar o protesto sobre no local.

"A Ponte Estaiada é o símbolo de como o estado prioriza o capital e mostra a opção que a cidade tomou por escolher o transporte individual. E a gente está na rua para reverter isso", afirmou ela.
Mayara, que tem 26 anos, trabalha como garçonete e estuda geografia na Universidade de São Paulo (USP), também reafirmou que a violência dos protestos anteriores partiram da reação excessiva da Polícia Militar. "Os atos isolados de vandalismo são consequência da Polícia Militar, eles prendem manifestantes por depredar um muro, mas não prendem policiais por depredar a cara das pessoas", afirmou.


Antes dos desdobramentos que terminaram em confronto no Palácio dos Bandeirantes, a jovem evitou dar previsão sobre o resultado da reunião do grupo com o prefeito Fernando Haddad, agendada para esta terça-feira (18). Porém, ela disse que a força demonstrada pelo ato desta segunda aponta que, sem a revogação do aumento da tarifa, o movimento está longe do fim. "As pessoas agora se conscientizaram do seu poder", disse.
Tumulto só no Palácio

Apenas em frente ao Palácio dos Bandeirantes, na Avenida Morumbi, onde os manifestantes chegaram por volta das 21h30, houve confronto com policiais militares. Agentes que estavam dentro do Palácio reagiram após a tentativa dos manifestantes de invadirem a sede do governo. Houve uso de rojões, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.

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Mapa dos protestos da segunda-feira (17) em São Paulo (Foto: Arte/G1)


O governador Geraldo Alckmin acompanhou os protestos de dentro do seu gabinete, onde esteve reunido desde a tarde com autoridades. A orientação do governador, com a aproximação dos manifestantes ao Palácio, foi para que a polícia permanecesse dentro da sede do Governo e evitasse o confronto com os grupos envolvidos no protesto.


Reforçaram a segurança no Palácio, além da Casa Militar, homens da Força Tática e do Choque. Não foi necessária, porém, até o início da madrugada desta terça (18), a ação do Choque e os manifestantes foram contidos pela Força Tática.
De acordo com o governo, só houve reação dos policiais depois da tentativa de invasão por parte dos manifestantes. A PM então reagiu com bombas de gás lacrimogêneo e conseguiu dispersar o grupo, que não chegou a invadir o Palácio.
Depois dos confrontos entre a Polícia Militar e manifestantes em protestos na semana passada, principalmente na quinta-feira (13),  Alckmin anunciou que o uso de balas de borracha estaria proibido para conter qualquer manifestação pública. Durante toda a passeata desta segunda, coube à polícia apenas acompanhar os manifestantes e auxiliar com interdições no trânsito, sem incidentes de violência.

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