quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

PP redobra a pressão para emplacar Aguinaldo na chapa de Azevêdo

 02.12.2021

Nonato Guedes


Tendo como fiador principal o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que mantém excelente relação com o governo do Estado, o Partido Progressistas (PP) redobrou a pressão para emplacar o deputado federal Aguinaldo Ribeiro na chapa majoritária a ser encabeçada pelo governador João Azevêdo (Cidadania) como candidato à reeleição. Embora tivessem circulado versões, ontem, sobre possível indicação de Aguinaldo como candidato a vice, a pretensão dele, que continua no radar, é a candidatura à vaga de senador, que preliminarmente disputa com o deputado Efraim Filho, do Democratas. Cícero e Azevêdo cumpriram mais uma agenda administrativa na Capital e demonstraram sinais de alinhamento cada vez maior, com declarações atestando essa realidade.

Analistas políticos acreditam que o deputado federal Efraim Filho teria perdido pontos no “staff” do governador João Azevêdo por ter radicalizado posições quanto à inflexibilidade de sua pré-candidatura ao Senado, admitindo, inclusive, lançar-se em “faixa própria”, independente, portanto, dos humores palacianos. Isso teria mexido com os brios do governador, que pleiteia o seu reconhecimento como líder e condutor natural do processo de definição da chapa que encabeçará às eleições de 2022. Na verdade, o deputado Efraim Filho não ignorou a influência do chefe do Executivo nas definições que são aguardadas com expectativa, tendo procurado explicitar a vontade pessoal de tornar irreversível sua postulação, diante dos compromissos já assumidos com líderes políticos de todo o Estado e da vocação natural que alimenta de substituir o pai, o ex-senador Efraim Moraes, naquele mandato.

É evidente que a queda de braço pelo apoio oficial do governador na corrida pelo Senado tem sido um prato cheio para especulações, intrigas e explorações nos bastidores políticos, entre aliados das duas candidaturas que estão postas. A questão política não tem impedido o deputado Efraim Filho de colaborar com projetos administrativos de Azevêdo, e ambos prestigiam eventos de repercussão, na Capital ou em cidades do interior, mas, em paralelo, o deputado Aguinaldo Ribeiro, sempre que possível, procura dividir o metro quadrado oficial, e quando não pode estar presente em João Pessoa se faz representar pelo prefeito Cícero Lucena, que foi uma espécie de “joia da Coroa” para o PP nas eleições municipais de 2020 ao conseguir protagonizar seu retorno à edilidade da Capital, depois de duas décadas de afastamento da prefeitura. O vice de Cícero, Leo Bezerra, é do Cidadania, partido comandado pelo governador João Azevêdo.

No caso da disputa pela vaga ao Senado dentro da chapa encabeçada pelo governador João Azevêdo, as coisas se precipitaram com a deflagração da pré-campanha, com bastante antecedência, por parte do deputado Efraim Filho, que a partir daí se fez obstinado no projeto, atraindo apoios valiosos como o do senador Veneziano Vital do Rêgo, que preside o diretório estadual do MDB e de deputados federais e estaduais de diversos partidos. Há espinhos nessa caminhada. Ainda agora, Efraim está às voltas com hesitações do deputado federal Julian Lemos (PSL) no anúncio de apoio ao seu nome, talvez por não ter havido uma costura eficiente de aliança nos bastidores. Ambos vão dividir espaço dentro do partido que surgirá da fusão DEM-PSL, o União Brasil, e há divergências pontuais entre Efraim e Julian até no posicionamento sobre sucessão presidencial. Pairando acima disso está o pronunciamento do governador João Azevêdo, que desfruta de bons índices de aprovação no Estado.

Em algumas áreas políticas, dissemina-se a impressão de que já agora, em dezembro, haja definição por parte do governador João Azevêdo, pelo menos quanto à vaga para senador, deixando para uma outra oportunidade a costura do acordo para a candidatura a vice-governador. A alegação é de que Azevêdo não pode “segurar as rédeas” do processo indefinidamente, até porque expoentes de outros partidos que estão na base de sustentação do seu governo necessitam de uma sinalização para montarem seus próprios esquemas com vistas às eleições. O chefe do Executivo até acenou com prenúncio de definição, mas parece centrado demais na órbita do seu círculo de influência em que confia diretamente. A cobrança é para que haja abertura do diálogo com toda a base, já que Azevêdo também precisará de apoios importantes para consolidar o favoritismo que detém a dados de hoje.

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