Areia é uma cidade de clima aconchegante, localizada no Brejo da Paraíba, procurada por turistas que buscam cenários históricos e também pela produção de cachaça – de reconhecimento nacional – durante o ano inteiro. Na pandemia de Covid-19 o município se tornou, ainda, refúgio para quem busca respirar ar puro e se conectar com a natureza. Isso, porque na zona rural do município, onde já era dona de um restaurante, Luciana Balbino criou um hotel diferente do convencional. Nele, os quartos são barracas.

A paraibana contou que a criação do hotel, chamado de Sítio Casa de Vó, foi fruto da observação sobre a necessidade do público dela. Os clientes do restaurante, vez por outra, perguntavam sobre hospedagens. Ela também percebeu que não existem campings na região e muitas pessoas procuravam um lugar para acampar.

“Eu tive a ideia de montar esse hotel de barracas, porque eu não tinha condições de montar um hotel normal. A gente já tem as barracas, a gente já tem os colchões, os lençóis, as toalhas, o sabonete. A gente só passou a oferecer para as pessoas num hotel, que no lugar do apartamento, tem uma barraca de camping já mobiliada”, explicou.

Barraca para hospedagem em hotel no Brejo da Paraíba — Foto: Sítio Casa de Vó/Divulgação

Barraca para hospedagem em hotel no Brejo da Paraíba — Foto: Sítio Casa de Vó/Divulgação

O esquema de funcionamento do local é semelhante ao de um hotel convencional. Os hóspedes ficam o tempo que quiserem e têm à disposição deles nove banheiros a uma distância de 20 metros das barracas.

A experiência no campo é tão completa que alguns sanitários não possuem teto, são os chamados “banheiros de Petruchio” – referentes ao estilo de vida do protagonista da novela “O Cravo e a Rosa”, uma das sensações do hotel, segundo relatou Luciana. A vista de quem está dentro desses ambientes varia entre um céu todo ensolarado e cheio de nuvens durante o dia e a luz das estrelas à noite.

O hotel tem capacidade para até 50 pessoas, mas por causa das medidas de prevenção ao contágio pelo novo coronavírus, recebe a quantidade máxima de 35 hóspedes.

A cerca de um quilômetro de distância ficam alguns quartos mais convencionais, como casas de barro, madeira e também alvenaria. Outro atrativo é a horta, onde o cliente pode cultivar e colher ervas e frutas.

Vista do 'banheiro de Petruchio' em hotel de barracas na Paraíba — Foto: Sítio Casa de Vó/Divulgação

Vista do ‘banheiro de Petruchio’ em hotel de barracas na Paraíba — Foto: Sítio Casa de Vó/Divulgação

Pra Luciana, o hotel é realização de um sonho que alimenta há muitos anos.

“O que mais me alegra é saber que não tá atraindo só turistas visitantes, mas até o pessoal da região, de cidades vizinhas, eles têm vindo. As pessoas estão buscando alternativas e na zona rural acaba sendo muito melhor. Tá sendo muito bem aceito e chegou a um ponto que o terreno é pequeno, e a gente já ampliando pra cima. Tem sido algo como vamos atender a um sonho de criança”, revelou.

Geração de emprego, renda e qualidade de vida para quem é da região

A paraibana aposta na criatividade, na inovação e também no pioneirismo como diferenciais no mundo do empreendedorismo.

“As pessoas cada vez mais buscam viver experiências. Elas não visitam os lugares só por visitar. As pessoas têm buscado mergulhar na comunidade local, viver como o pessoal da comunidade vive”.

Luciana Balbino, mulher que montou hotel de barracas na PB — Foto: Sítio Casa de Vó/Divulgação

Luciana Balbino, mulher que montou hotel de barracas na PB — Foto: Sítio Casa de Vó/Divulgação

Assim, ela não só atrai clientes, mas também sente orgulho de como contribui para a região em que nasceu.

“É meio que uma missão a gente empreender e trazer as pessoas da região, da comunidade para trabalhar conosco. A gente não trabalha com pessoas de fora. Temos 10 pessoas trabalhando e são todas aqui dos arredores do sítio. Isso é muito importante porque gera emprego e renda”, explicou.

Empreendedorismo feminino pulsando nas veias

Desde muito jovem, Luciana descobriu a vocação para empreender. As atividades no segmento começaram quando ela, junto com um grupo de jovens da igreja, resolveu fazer da Mata do Pau Ferro – também na zona rural da Areia – um local para realização de trilhas e, mais tarde, expandir a atuação no espaço com o trabalho das artesãs locais. Neste ano, ela foi eleita pela revista Forbes Brasil como uma das “100 Mulheres Poderosas do Agro”.

Desde o início, ela não apenas busca capacitar a si mesma, como também auxilia na formação de outras mulheres que querem empreender, com palestras pelo Brasil afora.

Casa de taipa, feita de barro e madeira, complementa estrutura de hotel de barracas — Foto: Sítio Casa de Vó/Divulgação

Casa de taipa, feita de barro e madeira, complementa estrutura de hotel de barracas — Foto: Sítio Casa de Vó/Divulgação

Luciana acredita que um dos principais combustíveis do trabalho dela é conscientizar as novas empreendedoras de que não há necessidade de sair da zona rural, porque através de qualquer área, é possível investir e viver no lugar em que elas nasceram.

“Esse tem sido nosso objetivo de vida, ajudar pessoas que precisam, encorajando-as, porque pra desencorajar já tem gente demais”.

G1