01.09.2022
Por Josival Pereira
Coube ao ex-governador e ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB) a tarefa de provocar o início da inevitável nova fase da campanha para governador na Paraíba, que é da disputa direta pela segunda vaga para o eventual segundo turno do pleito estadual.
Com três pesquisas desenhando basicamente o mesmo cenário e faltando pouco mais de um mês para a votação em primeiro turno, Cássio parece ter se incomodado com o quadro da campanha que coloca os candidatos Nilvan Ferreira (PL), Pedro Cunha Lima (PSDB) e Veneziano Vital do Rego (MDB) em pé de igualdade, com índices entre 12% e 16%, com ligeiras variações entre eles.
Pode-se dizer que Cássio foi movido pela experiência ou, talvez, empurrado pelo velho jeito de fazer campanha na Paraíba, que sempre foi na base da desconstrução do obstáculo mais à vista no caminho; o instinto paternal também pode ter agido, mas não há como negar que o pai de Pedro percebeu que seria urgentemente necessário fazer algo para descolar os três um do outro, lógico que de forma a beneficiar o filho.
Qual a jogada de Cássio, então? Tentar enfraquecer Nilvan, reduzindo sua expectativa de sucesso num eventual segundo turno. Ele seria o mais frágil, já que teria sido derrotado em situação semelhante (segundo turno das eleições de João Pessoa) e estaria sendo escolhido como o adversário ideal pelo esquema do governador João Azevedo. Foi esse o tom da mensagem enviada por Cássio aos correligionários.
É possível que Cássio tenha enxergado que Nilvan e Veneziano dispõem de cartas que Pedro não tem, que são os apoios externos de Bolsonaro e Lula, respectivamente. Pode até ser que o potencial de transferência de voto para os dois já esteja se esgarçando, mas verdade é que Pedro só pode contar com seu discurso e as forças próprias do grupo Cunha Lima, já um tanto encolhidas e desguarnecidas. Neste contexto, Cássio propõe criar o atalho da perspectiva de poder. Com o imaginário de reunir mais chances de vencer, Pedro pode atrair mais apoios já agora.
Nilvan confrontou Cássio afirmando que não é fraco”, que tem o apoio de Bolsonaro, que assumiu toda resistência na Paraíba, inclusive o enfrentamento a Ricardo Coutinho, e que o ex-senador já sabe que é ele quem vai para o segundo turno. Por isso fez o áudio sobre sua suposta fragilidade.
Quem entende um pouquinho de campanha eleitoral sabe que esse é apenas um primeiro round. Essa disputa deverá se acirrar nos próximos dias. Nilvan, Pedro e Veneziano não vão disputar a vaga do segundo turno como se fosse um jogo de comadres. Vem barulho por aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário