04.02.2023
O parentismo, como de resto em todo país, está bem presente na política da Paraíba. Filhos e netos de velhos políticos se assenhoram do poder quase que indefinidamente, estabelecendo oligarquias ou grupos dominantes ainda que alguns percam força e praticamente se dissolvam na marcha da história.
Não que os parentes (vários deles) não possam e não sejam bons políticos. O problema é que o fenômeno do parentismo quase sempre produz a dominação de algumas poucas famílias sobre o poder público, descambando, na maioria das vezes, para o patrimonialismo, entendido aqui no conceito mais amplo de construção do poder no território e não apenas na perspectiva da mistura do público com o privado na administração da coisa pública (Estado).
Não que os parentes (vários deles) não possam e não sejam bons políticos. O problema é que o fenômeno do parentismo quase sempre produz a dominação de algumas poucas famílias sobre o poder público, descambando, na maioria das vezes, para o patrimonialismo, entendido aqui no conceito mais amplo de construção do poder no território e não apenas na perspectiva da mistura do público com o privado na administração da coisa pública (Estado).
O certo é, porém, que, com base, nas bancadas parlamentares (Assembleia, Câmara Federal e Senado), o poder público na Paraíba está concentrado nas mãos de não mais do que que 15 famílias, sendo evidente a ascensão das famílias Ribeiro, que na origem é Ribeiro Coutinho; Motta (que traz a força das tradicionais famílias Nóbrega e Wanderley) e Morais, cuja entrada na política se deu em 1951, com Inácio Banto de Morais se elegendo vereador e Santa Luzia e daí pra cá sempre tem um integrante da família exercendo mandato eletivo.
De forma direta, os parentes representam uma bancada de 41% (21 dos 51 parlamentares), maior a de qualquer partido ou de segmentos socais. Grande parte do restante é composta de aderentes, ou seja, de políticos que se juntam e obedecem ao comando dos grupos de poder.
Na Assembleia, a bancada de filhos, netos, irmãos de políticos é composta por 13 parlamentares (36%):
– Anderson Monteiro (o pai, Arnaldo Monteiro, foi prefeito e deputado);
– Caio Roberto (o pai, Wellington Roberto, foi senador e é deputado federal);
– Camila Toscano (o pai e mãe, Zenóbio e Lea Toscano, foram prefeitos deputados);
– Daniella do Vale (a mãe, Eunice Pessoa, é prefeita);
– Jane Panta (o marido, Emerson Panta, é prefeito);
– Dra. Paula (o marido, Zé Aldemir, foi deputado e é prefeito);
– Francisca Motta (o marido, Edvaldo Motta, foi deputado estadual e deputado federal);
– George Morais (o avô, Inácio Bento de Morais, foi deputado; o país, foi deputado estadual, deputado federal e senador, e o irmão, Efraim Filho, é senador);
– Junior Araújo (é parente do ex-prefeito Carlos Antônio);
– Michel Henrique (o pai, João Henrique, foi deputado estadual, e a mãe, Edna Henrique, foi prefeita e deputada federal);
– Tanilson Soares (o pai, Edmilson Soares, foi vereador e deputado estadual);
– Tovar Correia (o sogro, Fernando Catão, foi secretário de Estado, ministro e é conselheiro do Tribunal de Contas);
– Wilson Filho (o pai, Wilson Santiago, foi deputado estadual e é deputado federal);
Pode-se registrar ainda que Felipe Leitão teve o tio, Inaldo Leitão, como deputado estadual e deputado federal, e que João Bosco Carneiro, teve o pai, com o mesmo nome, como Promotor de Justiça.
Dos 12 deputados federais, cinco (41%) são parentes diretos de políticos:
– Hugo Motta (é neto de Edvaldo Motta e Chica Motta e filho do prefeito e ex-deputado Nabor Wanderley);
– Mersinho Lucena (é filho do ex-senador, ex-governador e prefeito Cícero Lucena);
– Murilo Galdino (irmão de Adriano Galdino, deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa);
– Ruy Carneiro (é parente do ex-senador Ruy Carneiro);
– Gervasio Maia (é neto do ex-governador João Agripino e filho do ex-deputado Gervasio Maia);
A bancada no Senado é 100% composta por parentes diretos de políticos:
– Veneziano Vital do Rego (é neto do ex-governador Pedro Gondim e do Major Veneziano, filho do ex-deputado Vital do Rego e da ex-senador Nilda Gondim, além de irmão do ex-deputado, ex-senador e ministro Vital do Rego Filho (TCU);
– Daniella Ribeiro (é filho do ex-prefeito e ex-deputado Enivaldo Ribeiro e da ex-prefeita Virgínia Veloso Borges, irmão do deputado Aguinaldo Ribeiro, sem falar no avô Aguinaldo Veloso Borges, que chegou a ser deputado estadual);
– Efraim Filho (neto do ex-deputado Inácio Bento de Morais e filho do ex-deputado e senador Efraim Morais).
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