O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta sexta-feira (14), após analisar imagens da atuação da polícia de São Paulo nos protestos desta quinta contra o aumento das tarifas do transporte coletivo, que houve “excesso” por parte dos policiais.
Na visão de Cardozo, a demonstração "cabal” de que teriam ocorrido abusos da polícia é o fato de o secretário de Segurança, Fernando Grela, ter determinado a abertura de investigação para averiguar o comportamento dos policiais.
“Me congratulo com o governo de São Paulo por ter aberto uma sindicância para apurar. Espero que, efetivamente, comprovada a ocorrência de abusos, se aplique com rigor as penas da lei. Não podemos aceitar a violência policial em um estado democrático como vivemos”, disse o ministro.
No quarto dia de protestos, a polícia atingiu manifestantes com balas de borracha e gás lacrimogêneo na área central da cidade. Ao menos 200 foram detidos.
“Na noite de ontem [quinta], tivemos uma situação que, evidentemente, não podemos aceitar. Pelo que vi, houve excessos e situações de violência policial que considero inaceitáveis. Não acho correto que a polícia pudesse atingir as pessoas como mostram as imagens”, disse Cardozo em entrevista coletiva no Ministério da Justiça.
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A manifestação de quinta-feira começou por volta das 17h no Centro de São Paulo. O protesto e os confrontos levaram ao fechamento de lojas e ao bloqueio de ruas na área central da cidade. Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha.
Também em entrevista nesta sexta, o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, defendeu a ação da PM no protesto. "A atuação da polícia foi correta e nós temos o compromisso de esclarecer todos os casos de abuso", afirmou.
Mesmo ressalvando que não cabe a ele “cobrar nada” do governo paulista, Cardozo disse esperar que os policiais que eventualmente tenham cometido violência “sem justificativa” sejam punidos. De acordo com o ministro, a violência praticada por forças do Estado não pode ser “tolerada”.
“Não podemos aceitar violência, independentemente de onde ela parta. A polícia tem o dever de nunca agir de forma arbitrária ou violenta. Por isso é que os policiais recebem treinamento, para se comportarem como a lei manda. [A polícia] não pode permitir abusos por parte de quem se manifesta, mas também não pode cometer. Essa situação de equilíbrio é que temos de buscar”, ressaltou.
Cardozo disse que nos protestos de quarta (12) não recebeu relatos de abusos de policiais na tentativa de controlar os manifestantes. Mas nesta quinta, segundo o ministro, a situação foi diferente.
“Ontem [quinta], vi outra realidade. Agora, o que determinou isso [a violência policial], é a investigação que vai ter de identificar”, declarou.
À disposição
Cardozo disse que o governo federal tem acompanhado os desdobramentos das manifestações em São Paulo “porque tem responsabilidades nacionais”.
Ele explicou que todas as situações que envolvem assuntos de segurança pública têm de ser monitoradas pelo Executivo federal, "principalmente, às vésperas de grandes eventos”, disse, em referência à Copa das Confederações.
Cardozo, como já havia manifestado no dia anterior, colocou a estrutura do governo federal à disposição dos estados nos quais têm ocorrido atos de vandalismo em manifestações públicas, incluindo São Paulo. Ele ressaltou que, dentro de suas limitações, a União pode oferecer o apoio que os estados acharem que o governo pode dar.
“Não creio que São Paulo precise de efetivos, já que o estado tem o maior efetivo do Brasil, que é inclusive maior do que o da Marinha e da Aeronáutica. Mas, se caso o governo estadual quiser, podemos auxiliar com serviços de inteligência policial. Podemos ajudar na mediação de conflitos. A Força Nacional tem expertise na atuação de distúrbios civis”, sugeriu o titular da Justiça.
G1
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