terça-feira, 17 de setembro de 2013

Bancários entram em greve a partir da próxima quarta-feira

17/09/2013

A greve dos bancários começa nesta quinta-feira e consumidores devem se preparar para os transtornos. Conforme o presidente do sindicato da categoria na Paraíba, Marcos Henriques, a adesão deve chegar a 100%, com mais de três mil bancários envolvidos no movimento. Ele afirmou que não estão garantidos abastecimentos de caixas eletrônicos para realização de saques, depósitos em dinheiro e em cheques, nem atendimentos nas agências. 
O único serviço que vai funcionar, mas com uma proporção de 30% do total de funcionários, é o de compensação bancária, que consiste no acerto de contas entre os bancos, no que se refere aos cheques depositados em estabelecimentos diferentes dos sacados. Não é a compensação do cheque ao consumidor que tentar se dirigir a uma agência para depositar o valor em sua conta corrente.
Marcos Henriques disse que os saques poderão ser feitos nos caixas de autoatendimento, mas não garante o abastecimento das máquinas com cédulas. Fora das agências o serviço é terceirizado. Quanto à compensação das transferências do tipo DOC, há garantias do serviço porque são procedimentos eletrônicos.
“Não adianta pegar envelopes, pois não haverá recebimento de depósitos. No caso, a alternativa são os correspondentes bancários”, frisou ele. No caso do Banco do Brasil os correspondentes bancários são as diversas agências dos Correios e Telégrafos, além das unidades de Pag Fácil. Com relação à Caixa Econômica Federal, há as lotéricas. Nos estabelecimentos é possível pagar contas e fazer depósitos. Apenas o Pag Fácil não faz a abertura de contas, nem depósitos.
 “Até o momentonão recebemos nenhuma outra contra proposta da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), quanto aos diversos itens da nossa proposta. Continuam com os 6,1% iniciais, enquanto a categoria reivindica 11,93%, piso do Dieese de R$ 2.860, fim das metas abusivas, mais equipamentos de segurança e aumento na PLR (participação nos lucros e resultados)”, disse o presidente do sindicato.
Ele destacou que o movimento está fortalecido. “Estamos fazendo, há mais de um mês, por vários meios, inclusive no corpo a corpo nas agências, um trabalho de mobilização, que é facilitado, diante da intransigência dos banqueiros, que mesmo com os seis maiores bancos tendo lucro líquido de R$ 29,6 bilhões no primeiro semestre, não fazem uma proposta à altura das nossas reivindicações”, explicou o sindicalista. 
Uma reunião será feita com a Promotoria do Consumidor para verificar como será a greve.
Dieese
O Comando Nacional apresentou estudo do Dieese feito a partir dos balanços dos bancos mostrando que, enquanto o número de bancários por agência diminuiu 5% (de 24,15 para 22,95) entre junho de 2012 e junho de 2013, em razão do enxugamento de postos de trabalho, no mesmo período, o lucro líquido por bancário aumentou 19,4%, a carteira de crédito por empregado cresceu 19,8% e o número de conta-corrente por trabalhador passou de 285 para 304 (crescimento de 6,9%).
Apesar do aumento da produtividade e dos ganhos reais da categoria com mobilizações e greves, que entre 2004 e 2011 foi de 13,94% no salário e de 31,70% no piso, a remuneração média (salário mais verbas fixas) dos bancários diminuiu nesse período. Segundo dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego, a remuneração média da categoria em 2004, deflacionado pelo INPC, era de R$ 4.817,12 . Em 2011 (último ano disponível pela Rais), o valor médio salarial do bancário caiu para R$ 4.743,59 - uma redução de 1,5% no poder de compra dos salários.
Procon-JP solicita alternativas
O Procon-JP enviou solicitação a todos os bancos instalados em João Pessoa, por meio eletrônico, das medidas e orientações que serão disponibilizadas para que consumidores não sofram prejuízos em face da greve dos bancários. A resposta deve ser enviada em um prazo de 48 horas. De acordo com a coordenadora-executiva do Procon-JP, Nadja Palitot, durante a greve os trabalhos de fiscalização serão intensificados na rede bancária com a finalidade de garantir uma boa assistência aos consumidores.
“Quero deixar claro que nossa correspondência se refere apenas aos atendimentos à população nas agências e não questionamos o direito de reivindicação dos bancários. Na qualidade de representante de órgão de defesa do consumidor, também é razoável que cobremos medidas emergenciais no sentido de orientar a comunidade de como melhor agir diante das dificuldades de acesso aos serviços bancários durante esse período”.
A solicitação se fundamenta na Mesa de Diálogos com as instituições financeiras ocorrida na sede do órgão municipal no mês de junho, onde os bancos se comprometeram a procurar meios para melhorar o atendimento ao consumidor. 
“Enviamos correspondências aos representantes dos bancos em João Pessoa tentando evitar problemas maiores para o consumidor decorrentes da paralisação dos bancários. É nossa obrigação socorrer o consumidor em suas reclamações, mas também procurar maneiras de evitar que aconteçam”, informou Nadja Palitot.
Jornal Correio da Paraíba 


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