29.04.2020
A esposa no novo chefe da Polícia Federal, Alexandre Ramagem, Rebeca Teixeira Ramagem Rodrigues, é filiada ao PSDB desde de setembro de 2007 e recebeu remunerações como delegada da Polícia Civil do Estado de Roraima por dois anos – de 2010 a 2012 – sem efetivamente fazer jus ao que recebia. Por causa disso, foi exonerada do cargo no dia 25 de maio de 2012.
É que mostram documentos oficiais do Estado de Roraima e reportagens do período a que o DCM teve acesso.
DCM teve acesso.
Conforme noticiou a imprensa local na época (Folha de Boa Vista e blogs de jornalistas), o Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do Estado de Roraima (Sindpol) denunciou a situação irregular. “Uma das delegadas exoneradas foi Rebeca Teixeira Ramagem Rodrigues, que desde 2010 foi embora (do Estado)”, informou o periódico.
Em abril de 2011, a então delegada de polícia e hoje procuradora de Roraima Rebeca Ramagem já estava sob a mira do órgão fiscalizador. O Sindpol denunciara que ela recebia ajuda de custo e moradia porque era lotada em uma delegacia no interior do Estado, mas teria sido transferida para a capital, para trabalhar provisoriamente na Assembleia Legislativa de Roraima. A compensação pela remoção para Boa Vista chegaria até a R$ 18 mil.
“A delegada Rebeca Teixeira Ramagem é alvo de reclamação. Ela está à disposição da Assembleia Legislativa desde o dia 25 de janeiro de 2011, ela foi nomeada em 3 de janeiro para o cargo em comissão de assessor parlamentar”, informou, naquele ano, a Folha de Boa Vista. Procurada na Assembleia por jornalistas após a denúncia vir à tona, ela não foi encontrada no local, e alegou estar de licença médica e em tratamento em outro estado da federação. À época, Rebeca estava lotada na Primeira Secretaria da Casa, trabalhando para o então deputado e primeiro secretário Jalser Renier (SD), que atualmente está em seu sétimo mandato de deputado estadual e é o presidente da Assembleia.
As controvérsias envolvendo Rebeca não param por aí. No ano anterior, no dia 24 de dezembro de 2010, elas chamaram a atenção do jornal Folha de S.Paulo, que focou sua apuração em um curioso erro jurídico ocorrido em Roraima, que teria feito a já esposa do atual chefe da PF receber indevidamente do Estado o valor de R$ 660 mil. Assim publicou o jornal paulista:
Já Rebeca Gomes Teixeira -mulher de Alexandre Ramagem, segundo na hierarquia da PF em Roraima- se beneficiou de um erro jurídico do governo para ter o direito a R$ 660 mil do Estado.
Delegada da Polícia Civil, ela entrou com uma ação contra o Estado de Roraima para conseguir uma promoção em sua carreira.
Depois de ganhar em primeira instância, conseguiu confirmar a decisão também na segunda instância, pois o governo não anexou os documentos necessários para que seu recurso fosse ao menos recebido e julgado pelo Tribunal de Justiça de Roraima.
Embora todos os outros delegados que entraram com pedidos idênticos também tenham ganho em primeira instância, apenas outra delegada, além da mulher de Ramagem, manteve a decisão no TJ, disse o governo.
Por 66 dias, a decisão inicial a favor de Rebeca foi mantida, sem ser de fato cumprida. Como o juiz estipulou multa diária de R$ 10 mil em favor de Rebeca em caso de descumprimento, o erro do Estado deu a ela o direito de receber R$ 660 mil.
Segundo a assessoria da PF, Ramagem está viajando e por isso não se pronunciaria.
Filiação ao PSDB e atividade política nas redes
Rebeca Ramagem é filiada ao PSDB desde 2007, conforme mostram informações fornecidas pela Justiça Eleitoral.
Apesar de ser tucana, a procuradora roraimense não tem poupado o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de críticas nas redes sociais. Conforme publica a Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (29), a esposa do chefe da PF também volta suas baterias contra o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados e conhecido desafeto do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
“Em seu perfil no Twitter, Rebeca tem pedido com frequência o impeachment do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e diz que ele é pior que o ex-presidente Lula (PT). Ela também critica o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e defende votação popular para o cargo em postagens contra o deputado”, afirma a Folha, que exibe o print abaixo, da rede social da procuradora.
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