terça-feira, 12 de outubro de 2021

Vice ainda não está no radar de Azevêdo mas Galdino segue no páreo

 12.10.2021

Nonato Guedes


A discussão sobre candidatura a vice na chapa que encabeçará à reeleição em 2022 não está no ‘radar’ do governador João Azevêdo (Cidadania) e, em certa medida, tem sido inteiramente ofuscada pela disputa prévia entre os deputados federais Aguinaldo Ribeiro (PP) e Efraim Filho (DEM) por apoios para concorrer à vaga ao Senado, bem como por outras demandas, até de caráter emergencial, que têm eclodido no cenário político paraibano. Mas o deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, não desiste da pretensão, tendo admitido esta semana, em entrevista, que se não for escolhido para a chapa majoritária deverá concorrer à reeleição à Casa de Epitácio Pessoa, já que para deputado federal há um pretendente na família: o seu irmão Murilo.

Galdino deixa claro que não vai atuar na base da imposição ou da pressão para ser admitido no círculo restrito da disputa majoritária do próximo ano no Estado, mas reitera que deseja ser ouvido no processo, na condição de aliado e colaborador do governo João Azevêdo, sendo esta última missão desempenhada no exercício do comando da ALPB, demandando votação de matérias e de projetos que a gestão estadual considera essenciais para a própria governabilidade. O parlamentar é conhecido pela sua habilidade na articulação e pelo bom trânsito que possui em diferentes partidos e junto a variadas tendências, que o respeitam pelos posicionamentos assumidos. Ainda está filiado ao PSB, mas aguarda a abertura da “janela partidária”, a ocorrer no começo de 2022, para migrar para o Avante, com quem tem afinidades. “Se alguém me convencer que pode agregar mais do que eu na chapa, eu me rendo a essa situação”, ponderou Galdino, legislando em causa própria.

Com raízes políticas em Pocinhos, onde deu a largada como vereador, e atuação em Campina Grande, segundo colégio eleitoral do Estado, Adriano Galdino foi o terceiro deputado estadual mais votado nas eleições de 7 de outubro de 2018, assegurando a reeleição. Surpreendeu a alguns analistas e líderes políticos quando foi escolhido para exercer, por dois períodos, o cargo de presidente do Poder Legislativo e se credenciou pelo forma colegiada com que dirige a ALPB, somente tomando decisões relevantes após consultas a integrantes da Mesa. Galdino elevou a Assembleia da Paraíba a uma posição de destaque, em nível nacional, pela excelente produtividade apresentada em sessões realizadas em plena pandemia do novo coronavírus, que afetou serviços essenciais e até mesmo ações efetivas de poderes públicos. A ALPB foi pioneira na implementação do sistema “online” de votação de matérias, evitando que houvesse solução de continuidade no ritmo da própria administração do governo do Estado.

Esta semana, o deputado Adriano Galdino foi desafiado na sua autoridade, por ocasião da retomada das sessões presenciais no Legislativo, pelo gesto do deputado Cabo Gilberto, do PSL, que entrou em plenário mesmo sem estar vacinado contra a Covid-19 e desobedecendo resolução interna que havia sido promulgada pela Mesa, com normas e parâmetros para balizar o retorno das atividades de forma híbrida. A insubordinação do deputado militar gerou protestos de outros parlamentares e levou à suspensão das sessões, até uma deliberação por parte do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa acerca do comportamento do parlamentar, que, teoricamente, feriu o decoro previsto no regimento interno. A atitude adotada por Galdino foi um misto de firmeza com moderação – ele manteve o cumprimento da resolução aprovada e operou no sentido de evitar um desgaste maior à instituição, por mais que isto já tenha ocorrido mediante a atitude isolada e extemporânea do deputado Cabo Gilberto.

Numa postagem recente em que aludiu aos três anos da sua recondução para a Assembleia Legislativa da Paraíba, o deputado Adriano Galdino insinuou que “hoje, passa um filme na minha cabeça” e, sem entrar em detalhes, emendou: “Continuo buscando construir uma Paraíba melhor e mais justa para todos”. Galdino tem, indiscutivelmente, um perfil municipalista e, coerente com ele, intensificou num dos períodos legislativos a promoção de Sessões Itinerantes da Casa de Epitácio Pessoa em cidades de várias regiões do Estado, a fim de possibilitar que os deputados tivessem um diagnóstico mais preciso das necessidades e das reivindicações prementes dessas localidades, o que foi saudado com entusiasmo no interior. Mas, ao mesmo tempo, o presidente se posta a favor de grandes causas de interesse nacional ou, especificamente, de interesse urgente da região Nordeste, articulado com dirigentes de Assembleias de outros Estados.

No que diz respeito ao governador João Azevêdo, ele tem deixado claro que, além de priorizar um nome competente para a vice-governança, na chapa à reeleição, deseja dispor de uma companhia afinada com suas posições políticas, mormente na atual conjuntura nacional, e exemplificou que seria inconveniente contar com uma figura que não tenha a mesma preferência sua na corrida pelo Planalto (ele é adepto da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT e em hipótese alguma aceita discutir apoio à candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição). Adriano Galdino sabe que não é a única opção posta para exame no arco de forças políticas que o governador João Azevêdo lidera, quanto à formação da chapa, mas está apenas lembrando que está à disposição e que sua estratégia é somar. Ou, como ele já afirmou: ser solução e não problema para o governador.

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