Na véspera, presidente transferiu poder ao vice, mas não contornou crise.
Povo, que pedia saída imediata havia 18 dias, comemora nas ruas do país.
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, de 82 anos, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (11), após um governo de quase 30 anos e que era contestado desde 25 de janeiro por grandes manifestações populares.
O anúncio da renúncia foi feito pelo recém-nomeado vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, em um curto pronunciamento na TV estatal. Mubarak entregou o poder ao Exército, disse Suleiman.
Os crescentes protestos que derrubaram Mubarak deixaram mais de 300 mortos e 5.000 feridos. Eles começaram em 25 de janeiro, inspirados pela queda do presidente da Tunísia, e tiveram impulso na internet, que comemorou a queda do ditador. Espera-se que sua influência abale outros regimes autoritários do mundo árabe.
O vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, anuncia nesta sexta-feira (11) a renúncia de Hosni Mubarak (Foto: AP)
Ainda não havia detalhes sobre como ocorrerá a transferência. O Exército anunciaria um comunicado detalhando a transição no país, o mais populoso do mundo árabe.
O ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, deve ser o chefe do Alto Conselho Militar que tomaria o controle do país, segundo fontes militares. Ele passou em frente ao palácio presidencial, no Cairo, no início da noite desta sexta, saudando a multidão.
O conselho militar iria derrubar o gabinete de ministros de Mubarak, fechar as duas casas do Parlamento e governar diretamente com a Corte Constitucional, segundo a TV Al Arabiya.
O país tem eleições presidenciais marcadas para setembro.
Celebração
A notícia da renúncia, exigida pelos manifestantes, foi imediatamente celebrada com festa nas ruas do Cairo e das outras grandes cidades do Egito.
Por volta das 18h locais (14h de Brasília), na lotada Praça Tahrir, que foi o centro nervoso dos protestos, manifestantes cantavam: 'o povo derrubou o governo'.
Manifestantes se abraçavam, e algumas pessoas desmaiaram de emoção.
Houve comemorações em outros países árabes, e egípcios celebraram a notícia até em São Paulo.
Egípcios comemoram, na Praça Tahrir, no Cairo, a renúncia de Mubarak nesta sexta-feira (11) (Foto: AP)
Oposição
O oposicionista Muhamed ElBaradei, uma das principais figuras dos protestos, disse que o Egito "esperou por décadas" por este dia. Ele afirmou esperar que povo e Exército governem juntos durante o período de transição.
A Irmandade Muçulmana, principal grupo opositor, parabenizou o povo e o Exército do Egito pela notícia. Eles celebraram o fato de que o Exército "cumpriu suas promessas".
O blogueiro Wael Ghonim, um cibermilitante que passou 12 dias preso e virou ícone do movimento no Egito, escreveu no seu Twitter: "Parabéns ao Egito, o criminoso deixou o palácio".
Manifestantes que faziam vigília na Praça Tahrir disseram que, após a festa, voltariam para casa.
"Nós podemos finalmente ir para casa!", disse chorando Mohammed Ibhahim, 38 anos, um dos organizadores dos protestos. "Nós estamos aqui há 18 dias esperando ele ir embora e conseguimos."
União Europeia
A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, disse que respeitava a decisão de Mubarak e pediu diálogo para a formação de um governo de "base ampla" no país.
G1
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