05.09.2022
Em busca de crescer entre os evangélicos, o ex-presidente Lula vai recorrer à pauta de costumes no discurso que fará durante encontro com lideranças desse segmento no Rio, na próxima sexta-feira (9/9). Segundo aliados, o petista já tem pronta uma resposta sobre o aborto, tema que separa a esquerda dos fiéis evangélicos.
O ex-presidente pretende reforçar que é pessoalmente contra a prática do aborto. Ele deve ressaltar que é pai, avô e bisavô e que não é a favor da interrupção da gravidez. Lula quer explicar que o que defende é que as pessoas pobres que forem “vítimas de aborto” possam ser tratadas na rede de saúde.
O petista também deve lembrar que, nos debates para a elaboração da Constituição Federal de 1988 no Congresso, foi a favor do artigo 124º do Código Penal, que trata do aborto. Isso, apesar de o ex-deputado José Genoíno, seu companheiro de PT, ter lutado para incluir o direito ao aborto em até 90 dias de gestação.
Em abril, Lula defendeu publicamente que toda mulher deveria ter direito ao aborto no Brasil, porque o tema é uma “questão de saúde pública”. A declaração fez o petista ser criticado por evangélicos, católicos e até mesmo por aliados, que temiam prejuízo eleitoral ao petista.
Em seu encontro com lideranças evangélicas, Lula pretende ainda abordar outros temas da chamada pauta de costumes, além de desmentir fake news de que vai fechar igrejas e templos dessa religião, se eleito. De acordo com aliados, o discurso será feito de improviso.
Ofensiva
Membros da campanha do petista dizem que ele pretende reforçar a ofensiva para crescer no eleitorado evangélico. O PT já iniciou a distribuição de panfletos na porta de igrejas que tratam da abordagem religiosa de Lula com os evangélicos. A estratégia foi antecipada pela coluna em 19 de agosto.
O objetivo dos aliados de Lula mais otimistas é tentar empatar com Jair Bolsonaro (PL) entre o eleitorado evangélico até o final de setembro. Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (1º/9) mostrou o atual presidente da República liderando entre esse eleitorado, com 48%, ante 32% de Lula.
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