sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Navio com nova carga de gasolina chega no Porto de Cabedelo, na Paraíba

08/01/2016

Um novo carregamento de gasolina chegou na Paraíba na manhã desta sexta-feira (8), segundo a diretora presidente da Companhia Docas, que gerencia o Porto de Cabedelo, Gilmara Timóteo. O navio chegou às 5h50 (horário local) com 13 mil toneladas de combustível, sendo 8 mil de gasolina e 5 mil de óleo diesel, e já está descarregando. Um novo navio, segundo Gilmara, é esperado para a quarta-feira (13).


Na quinta-feira (7) completou duas semanas que o problema do desabastecimento de gasolina começou na Paraíba. O G1 percorreu dez postos de combustíveis nas principais avenidas de João Pessoa para saber como está a questão do abastecimento nos estabelecimentos. Dos dez postos visitados, apenas um estava sem gasolina e um deles não ficou sem o combustível em momento algum destas duas semanas.

O maior problema identificado foi a quantidade de gasolina para ser oferecida aos consumidores, no limite da demanda. O percurso foi feito pelos bairros do Tambiá, Treze de Maio, Torre, Bancários, Jardim Cidade Universitária, José Américo, Rangel e Centro da cidade. 

Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados de Petróleo no Estado da Paraíba (Sindipetro-PB), Omar Hamad, acabou o congestionamento de caminhões no Porto de Cabedelo. "Tava uma loucura no porto, acabou o congestionamento, mas hoje também acabou o combustível. Vamos ver se o navio chega em tempo de não quebrar a corrente de novo", diz.

Dos postos percorridos, um deles, no bairro do Jardim Cidade Universitária, na Zona Sul da capital paraibana, estava sem gasolina nos tanques desde a terça-feira (5). De acordo com o gerente do estabelecimento, Jandeilson Lourenço, o problema aconteceu pela quantidade do combustível que chegou no local.

“Desde o Natal que começou a faltar aqui. A gente solicitava um reabastecimento de 30 mil litros, mas só vinha 10 mil. Como a venda aumenta neste período por causa dos turistas que visitam a cidade, num instante o estoque acaba. Teve um dia que eu vendi 15 mil litros em cinco horas. Depois disso, não chegou mais combustível e agora só tenho etanol e diesel para vender”, explicou.

Em oito dos dez postos visitados, os tanques foram reabastecidos na quarta-feira (6), sendo que em cinco deles chegou a faltar combustível completamente em alguns dias das últimas semanas. Nos três restantes, os gerentes explicaram que a gasolina não chegou a acabar, mas que ficou bem perto disso. “Aqui não faltou, de acabar mesmo, mas desde o Natal que a gente trabalha no limite, com medo de acabar. A gente faz o pedido para a distribuidora, mas vem uma quantidade menor. Se não normalizar essa história, vai acabar faltando mesmo”, contou Fábio Soares, gerente de um posto no bairro da Torre. A mesma situação foi relatada por gerentes de postos de bandeiras diferentes nos bairros de José Américo e Rangel.

A estudante Jordânia Medeiros, de 25 anos, mora no bairro dos Bancários, na zona sul. Ela conta que na última semana encontrou postos sem o combustível na principal avenida do bairro. “Acho que umas duas vezes eu fui abastecer por aqui e não tinha gasolina. Na época do Natal mesmo, tava difícil encontrar combustível na cidade toda, mas depois eu consegui achar tranquilamente em outros bairros", conta.

Segundo ela, o incômodo é não poder reabastecer perto de casa. "Mas se o consumidor procurar, sobretudo nos bairros mais centrais, é fácil encontrar o combustível”, disse. No bairro, encontramos um posto que faltou várias vezes gasolina nos últimos dias. Mas, de acordo com o gerente Severino Clemente, a falta do combustível não chegou a durar mais de um dia por vez.

Já para o analista de sistemas Tiago Santos, a falta de combustível registarada nesta semana é algo que precisa ser melhor esclarecido. “Particularmente, só encontrei problema no dia de Natal, quando foi difícil encontrar posto com gasolina e quando tinha, os preços estavam altos. Mas desde o fim de semana do Ano Novo que consigo abastecer tranquilamente. Pode estar acontecendo a falta de combustível em algum lugar, mas eu não tive dificuldade de encontrar não”, disse.

O problema do desabastecimento começou no feriado de Natal, quando muitos consumidores começaram a ter dificuldade para abastecer porque, segundo o Sindipetro, um navia com carga de gasolina deveria ter chegado em Cabedelo no dia 23, mas só aportou no dia 29. Durante este período, o preço do litro do combustível chegou a custar R$ 4,15 no dia 28, mas uma pesquisa do Procon divulgada no dia 30 encontrou o combustível sendo vendido entre os valores de R$ 3,399 e R$ 3,999, uma variação de 17,7%. 

Na quarta-feira (6), a Receita Estadual começou um levantamento para saber se as distribuidoras de combustível estão retendo o produto para prejudicar a comercialização no estado. O levantamento está sendo feito à pedido do Ministério Público da Paraíba (MPPB), que instaurou inquérito civil para investigar a situação do desabastecimento de combustíveis no estado. O presidente do Sindipetro-PB, Omar Hamad, diz que a instituição está apoiando a investigação. "Os postos estão no meio disso tudo", explica.

Segundo o promotor dos direitos do consumidor, Glauberto Bezerra, as distribuidoras informaram ainda na quarta-feira que o desabastecimento desta semana se deve, mais uma vez, ao atraso na chegada do navio que traz o combustível para o estado.

Ainda segundo Glauberto Bezerra, o Ministério Público convocou as empresas responsáveis pelos terminais de combustível do porto para que alterem o expediente do terminal durante o fim de semana. “O expediente normal encerra às 14h do sábado. Com a chegada deste navio no fim de semana, solicitamos um estendimento do expediente para garantir que a distribuição seja feita e que não haja um desabastecimento”, explicou.

O promotor ainda falou que a investigação visa identificar o que causou a falta de gasolina na Paraíba e que, por ser um produto de segurança nacional, os responsáveis precisam ser penalizados. “Claramente houve, ou há, um problema. Certamente de logística. Queremos identificar o que teria causado isso e quem teria causado, para que seja responsabilizado pelo problema. O desabastecimento gera prejuízo, seja para os consumidores ou até mesmo para o meio ambiente. Isso terá que ser esclarecido”, concluiu Glauberto Bezerra.

Em reunião realizada também na quarta-feira na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, a estatal garantiu ao Governo da Paraíba que a distribuição dos combustíveis limpos através dos terminais do Porto de Cabedelo não será alterada. Em um documento, assinado pelo diretor de abastecimento da empresa, Jorge Celestino Ramos, ficou firmada a garantia da continuidade das operações. "Enquanto houver demanda, iremos entregar. Inclusive para o mês de janeiro, as distribuidoras paraibanas já têm pedidos na ordem de 58 mil toneladas", garantiu Jorge Celestino.

G1

Nenhum comentário: