27.11.2024
O relatório da Polícia Federal sobre a trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas eleições de 2022 detalha a participação do paraibano Tércio Arnaud Tomaz no esquema. O documento teve o sigilo levantado, nesta terça-feira (26), pelo relator da matéria, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O documento mostra a participação do ex-assessor especial da Presidência na propagação de desinformações sobre a segurança das urnas. Ele é apontado como integrante do “gabinete do ódio”.
O relatório da Polícia Federal diz que “os elementos probatórios reunidos pela investigação identificaram que TÉRCIO foi o responsável por repassar o conteúdo editado da live realizada pelo argentino FERNANDO CERIMEDO em 04 de novembro de 2022, no qual o mesmo propagou ataques às urnas eletrônicas e ao processo eleitoral brasileiro”. A live em questão foi usada na época para disseminar falsamento supostas falhas no funcionamento das unas mais antigas. O conteúdo fundamentou o pedido do PL de rejeição ao resultado da votação nestas urnas, para beneficiar Jair Bolsonaro.
“No mesmo sentido, identificou-se que o mesmo conteúdo falso publicado pelo argentino FERNANDO CERIMEDO e propagado por MAURO CID, MARQUES DE ALMEIDA e TÉRCIO ARNAUD TOMAZ foi utilizado por CARLOS ROCHA para tentar subsidiar a ação do Partido Liberal”, diz o relatório, que aponta o paraibano como integrante “da organização criminosa”. “Coube ao investigado auxiliar na edição do conteúdo falso publicado pelo argentino FERNANDO CERIMEDO, propagado logo em seguida por MAURO CID e MARQUES DE ALMEIDA”.
O documento diz ainda que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou a trama golpista no final de 2022, e a ruptura democrática não foi concretizada por “circunstâncias alheias à sua vontade”, disse a Polícia Federal no relatório final da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. Declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, Bolsonaro foi indiciado neste ano pela PF em três inquéritos: sobre as joias, a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19 e, agora, a tentativa de golpe de Estado.
As informações sobre o papel de Bolsonaro na trama estão no relatório final da investigação da PF sobre tentativa de golpe de Estado em 2022. As conclusões das investigações foram entregues na quinta-feira (21) ao STF (Supremo Tribunal Federal) e tornadas públicas pelo ministro Alexandre de Moraes nesta terça-feira (26).
“Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, JAIR MESSIAS BOLSONARO, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”, diz o relatório da PF sobre o ex-presidente.
O relatório foi enviado para análise da PGR (Procuradoria-Geral da República). O órgão é o responsável por avaliar as provas e decidir se denuncia ou não os investigados. Segundo a corporação, os 37 indiciados cometeram três crimes: tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa, cujas penas somam de 12 a 28 anos de prisão, desconsiderando os agravantes.
Confira a íntegra do relatório
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